Mesmo em pouca quantidade, álcool deve (mesmo) ser evitado na gravidez

O consumo de álcool durante a gravidez pode expor o feto aos designados transtornos do espetro alcoólico fetal, ligados a "dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais ou atrasos na fala e na linguagem".

Os investigadores analisaram exames de ressonância magnética de 24 fetos entre as 22 e as 36 semanas de gestação com exposição ao álcool, tendo esta sido determinada através de inquéritos anónimos feitos às mães.

Em fetos com exposição ao álcool, o nível de maturação fetal total era "significativamente menor" do revelado nos controlos da mesma idade, sendo menos profundo o sulco temporal superior direito. O sulco temporal superior (STS) está relacionado com a cognição social, integração audiovisual e perceção da linguagem.

Os investigadores observaram ainda alterações cerebrais mesmo nos fetos com baixos níveis de exposição ao álcool. "17 das 24 mães bebiam álcool com pouca frequência, com um consumo médio de menos de uma bebida por semana", indica Kienast, assinalando que mesmo nestes casos foram detetadas "mudanças significativas nesses fetos com base na ressonância magnética pré-natal".

Kienast, doutorado em Medicina e em Filosofia, do mesmo departamento da Universidade de Medicina de Viena, apela às grávidas para evitarem com rigor as bebidas alcoólicas, salientando que este estudo mostra que "mesmo baixos níveis de consumo de álcool podem levar a mudanças estruturais no desenvolvimento do cérebro e a um atraso na sua maturação".

Não sendo claro como tais mudanças vão afetar o desenvolvimento do cérebro desses bebés após o nascimento, Kienast refere que para uma avaliação precisa é necessário esperar que "as crianças fiquem um pouco mais velhas" para se realizarem mais exames.

"No entanto, podemos assumir com segurança que as mudanças que descobrimos contribuem para as dificuldades cognitivas e comportamentais que podem ocorrer durante a infância", diz.

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