Descoberto um dos mais antigos casos de surdez num ser humano

A análise ao sistema auditivo de um fóssil com cerca de 100 mil anos levou cientistas da Universidade de Coimbra (UC) a descobrirem um dos mais antigos casos de surdez num ser humano.

O fóssil em causa - encontrado há quase meio século, em Marrocos, e denominado Dar-es-Soltane II H5 – foi alvo de um estudo por parte dos investigadores da UC, com recurso a um equipamento chamado micro-CT scan, também conhecido por microtomografia assistida por computador.

O estudo revelou, assim, que o indivíduo sofria de ‘labyrinthitis ossificans’, uma doença “que provoca a ossificação dos canais semicirculares e da cóclea”.

Esta condição “implica problemas de equilíbrio, tonturas, vertigens e perda de audição. Esta patologia é muito incapacitante para um caçador-recoletor, limitando a capacidade de caçar e encontrar alimentos”, observou Dany Coutinho Nogueira.

O tempo de sobrevivência limitado do indivíduo após o começo da doença coloca em questão a causa da morte e os cuidados que poderá ter recebido, acrescentou.

Ainda de acordo com o investigador do CIAS, este estudo fornece novas informações sobre o estado de saúde das populações do passado, “em particular dos caçadores-recoletores, e também mostra que tecnologias recentes permitem descobrir novas informações e detetar patologias sobre fósseis descobertos há quase 50 anos”.

Dany Coutinho Nogueira realçou que só dois fósseis de Homo Sapiens caçadores-recoletores apresentam esta patologia, “sendo o outro de Singa [um crânio descoberto no Sudão em 1924 e alvo de um estudo científico em 1998]”.

“São os dois casos mais antigos de surdez adquirida identificados da nossa espécie”, frisou.

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