Agarrados à Net: pais devem ser o "córtex pré-frontal" dos filhos

Os fundadores do projeto Agarrados à Net, que pretende promover o bem-estar digital de crianças, jovens e adultos, defendem que os pais devem ser o "córtex pré-frontal" dos filhos, ajudando-os a pensar melhor e desenvolver pensamento crítico.

A especialista falava à Lusa a propósito do estudo divulgado indica que o uso do telemóvel por parte dos jovens continua elevado, que o contacto 'online' aumentou nos últimos anos, o mesmo acontecendo com a utilização da internet para fugir a sentimentos negativos e com os adolescentes que confessam já ter tentado passar menos tempo nas redes sociais, mas não conseguiram.

Tanto Cristiane Miranda como Tito de Morais, que é igualmente fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net, dizem que os pais devem "ajudar os filhos a pensar melhor" e a desenvolver pensamento crítico, a especialista insiste: "isto só acontece com tempo e com presença dos pais".

O fundador do projeto "MiudosSegurosNa.Net", que ajuda famílias, escolas e comunidades a promover a utilização responsável e segura das novas tecnologias de informação e comunicação por crianças e jovens, pede mais envolvimento dos pais: "Muitas vezes os pais querem um 'software' milagroso que possam instalar para pôr os filhos em segurança".

É preciso "ensiná-los a pensarem de uma forma critica, tentarem distanciar-se das situações em que estão envolvidos, dando um passo atrás relativamente a tudo com que se confrontam 'online', e serem desconfiados para perceber se a rapariga loira com quem falam é mesmo uma rapariga, se será mesmo loira, se terá a idade que diz ter", acrescenta.

Normalmente - prossegue - "os primeiros a quem eles recorrem é aos pares, o que muitas vezes é problemático, porque em vez de termos um jovem metido num problema, passamos a ter dois ou três".

O estudo divulgado em Lisboa, que envolveu 51 países e analisou os comportamentos e a saúde dos adolescentes (11, 13 e 15 anos) nos seus contextos de vida mostra uma perceção mais negativa (por parte dos jovens) do apoio da família e um decréscimo na qualidade da relação familiar.

Para ajudar a desbloquear a conversa e dar ferramentas aos pais para permitir que os filhos possam ter a confiança suficiente para decidirem contar-lhes os seus problemas, o projeto Agarrados à Net promove formações onde dão ferramentas aos pais para que esta relação de confiança se estabeleça.

São os chamados "sete passos para a parentalidade digital": "A tecnologia e a internet veio para ficar e não podemos querer que os nossos filhos não estejam lá, muito pelo contrário, porque também têm muitos benefícios", explicou Cristiane Miranda, sublinhando que as empresas gestoras destas plataformas também se preocupam e desenvolveram formas de eliminar maus conteúdos quando denunciados.

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