Uma folha em branco nunca teve tanto peso. É o novo símbolo das manifestações chinesas contra as restrições da covid-19
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INTERNACIONAL
Manifestantes por toda a China estão a usar folhas de papel em branco para expressar descontentamento contra as políticas de "zero covid" impostas pelas autoridades há quase três anos.
Milhares de imagens e vídeos circulam na internet. Centenas de pessoas manifestam-se em várias cidades chinesas onde cresce a indignação.


A última onda de protestos foi desencadeada por um incêndio num apartamento que matou 10 pessoas no dia 24 de novembro, em Urumqi.
Em Xangai, uma multidão que começou a reunir-se na noite de sábado para uma vigília à luz de velas por essas vítimas, ergueu folhas de papel em branco.
Há especulações de que as medidas de bloqueio da COVID podem ter impedido a fuga dos moradores.
O movimento começou a aparecer também em protestos no domingo na Universidade Tsinghua de Pequim e perto do rio Liangma.
"A folha de papel branco representa tudo o que queremos dizer, mas não podemos", disse Johnny, 26 anos, participante numa das manifestações no rio Liangma.
"Vim prestar homenagem às vítimas do incêndio. Espero que possamos ver o fim de estas medidas da COVID. Queremos viver uma vida normal novamente. Queremos ter dignidade."

O movimento dos papéis brancos não é novo. Em Hong Kong, em 2020, alguns ativistas também levantaram folhas de papel em branco em protestos para evitar slogans proibidos pela nova lei de segurança nacional da cidade.

Protestos generalizados são raros na China, onde o espaço para dissidência foi praticamente eliminado sob o presidente Xi Jinping, forçando os cidadãos a desabafar nas redes sociais.
Vários internautas mostraram solidariedade ao publicar quadrados brancos ou fotos deles mesmos segurando folhas de papel em branco.
Na manhã de domingo, a hashtag "exercício de papel branco" foi bloqueada numa das redes sociais chinesas, levando os utilizadores a lamentar a censura.
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WEBSTORY: REUTERS; RITA COELHO
FOTOGRAFIAS: REUTERS/Thomas Peter; Kevin Frayer/Getty Images; REUTERS; AP: Ng Han Guan
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