Deconhecidos mas tão parecidos que parecem gémeos? Provavelmente partilham ADN, descobre estudo
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Se não lhe aconteceu, já deve ter ouvido falar de pessoas que descobriram alguém 'demasiado' parecido com elas, ao ponto de parecerem gémeos, mas, na verdade, nunca se tinham visto antes. Muitas vezes, até vivem noutros países
Os chamados doppelgängers existem e, apesar de não serem gémeos separados à nascença, há um fator também inesperado que um estudo científico descobriu: estas pessoas, mesmo que totalmente desconhecidas, podem partilhar um ADN semelhante
O estudo de investigadores espanhóis, divulgado esta quarta-feira (24) na publicação científica "Cell Reports", percebeu que esses "gémeos" que na verdade nunca se conheceram podem ter grandes semelhanças genéticas: uma sequência de ADN que os une
Além das parecenças no rosto, traduz-se também em hábitos e comportamentos parecidos
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Para encontrar os pares, recorreram a fotografias do francês François Brunelle, que se dedica há anos a fotografar doppelgängers. Recorrendo a três programas diferentes de inteligência artificial, perceberam quais os pares com um nível de parecenças idêntico a gémeos verdadeiros
Foram analisados 32 pares, ou seja, 64 pessoas, das quais foram recolhidas amostras de ADN para análise
“Descobrimos que o que mais liga [cada par] é sua sequência de ADN, o seu genoma. Por acaso, genomas semelhantes acabam a ser produzidos e isso acontece porque há muitas pessoas no mundo que se vai repetindo o ADN”, referiu Manel Esteller, responsável pelo estudo, ao jornal "El País"
Os pares "não são idênticos", mas partilham múltiplas semelhanças, explica o cientista. "As parecenças no seu genoma explicam a semelhança desses pares; a composição diferente do seu epigenoma (metilação do ADN) e do microbioma (o conteúdo e tipo de bactérias e vírus nos seus organismos) ajuda a diferenciá-los".
O estudo debruça-se maioritariamente sobre a genética facial, mas também em elementos como a forma das ancas, cor de cabelo ou o índice de massa corporal. Quanto mais parecidos eram os pares, mais semelhanças havia nestes aspetos
Estende-se, até, aos vícios: havia altas probabilidades de ambos serem, em conjunto, fumadores ou não fumadores
Os autores admitem que fica ainda muito por investigar neste campo, tendo esta análise contado com limitações (número de participantes reduzido, traços muito semelhantes, etc.), mas que é uma porta que se abre para esse estudo, que pode ter elevadas implicações forenses
“A partir de um genoma desconhecido, pode-se começar a criar uma cara. E, por outro lado, a partir do rosto também podemos começar a deduzir o genoma da pessoa e, por exemplo, se tiver esse rosto, terá mais ou menos risco cardiovascular”, entre outras possibilidades, apontam os investigadores ao "El País"
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WEBSTORY: TIAGO SERRA CUNHA
FOTOGRAFIAS: FRANÇOIS BRUNELLE/D.R.
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