Cientistas da Universidade de Coimbra estudam novas técnicas não invasivas para diagnóstico precoce do cancro
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Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) comprovaram o êxito de técnicas óticas, não invasivas e altamente sensíveis, no diagnóstico precoce de cancro
O projeto pretende desenvolver "métodos óticos de diagnóstico que podem usar radiação de laser ou de infravermelho", de forma a "não serem invasivas", permitindo obter "informação química para além da morfológica"
Esta técnica permite ver e analisar "alterações de composição química, por exemplo, de proteínas ou de lípidos", e já entrou na clínica de alguns hospitais dos Países Baixos, Inglaterra ou Canadá, em estudos-piloto
O estudo, designado de "VIBSonCANCER - Diagnóstico de Cancro a Nível Molecular por Espectroscopia Vibracional", é financiado com 240 mil euros
Qual a novidade?
As atuais técnicas de diagnóstico baseiam-se em alterações morfológicas, ou seja, na forma das células e no seu ambiente, o que possibilita ao patologista determinar se elas estão normais, displásicas (alteradas) ou neoplásicas (cancerígenas)
As técnicas propostas no estudo, além de "não serem invasivas", permitem obter "informação química para além da morfológica", sendo que as alterações a nível químico podem preceder as variações da forma celular e esta informação adicional pode ser "essencial" para o médico poder efetuar um diagnóstico precoce da doença
"As nossas técnicas não substituem as atuais, nem o pretendem fazer. O que nós queremos é fornecer informação que não é possível obter por outros métodos", disse, citada em nota de imprensa, Maria Paula Marques, líder do projeto
"Conseguimos detetar diferenças de composição química entre o tecido maligno e não maligno. E, dentro dessas diferenças, há alguns constituintes celulares e do tecido que variam mais, os chamados marcadores. Testámos vários tipos de tecido maligno e não maligno, como, por exemplo, de cancro de mama, de língua, de próstata e de colo do útero", frisou a cientista
Com os biomarcadores, a equipa vai poder apurar as técnicas, de modo que sejam facilmente analisadas por qualquer clínico, mesmo que não seja espetroscopista, e poderem ser usadas no bloco operatório, por exemplo, para avaliar margens cirúrgicas intraoperatoriamente
O projeto, liderado por Luís Batista de Carvalho e Maria Paula Marques, da Unidade de I&D "Química-Física Molecular" da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), conta com a colaboração do Instituto Português Oncologia de Coimbra e do Porto e ainda do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil

A equipa inclui as investigadoras Ana Batista de Carvalho, Inês Pereira dos Santos, Adriana Mamede, Mariana Vide Tavares e o doutor Paulo Figueiredo
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WEBSTORY: TIAGO SERRA CUNHA
TEXTO: LUSA/EXPRESSO
FOTOGRAFIAS: GETTY IMAGES
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