As cicatrizes do garimpo na TI Raposa Serra do Sol
GARIMPO
Depois do período de relativa calmaria e de recuperação, a Raposa Serra do Sol voltou a sofrer, a partir de 2016 em diante, com uma antiga ameaça: o garimpo
Mesmo depois de homologada em abril de 2005, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol seguiu ocupada por produtores de arroz por mais quatro anos.
Com a saída dos arrozeiros em 2009 ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, chega ao fim um período de muitos conflitos na terra localizada na região de tríplice fronteira com a Guiana e a Venezuela.
A Raposa não tem a vegetação densa imaginada para Amazônia. Depois da Serra de Pacaraima, surgem as colinas rasas do chamado “Lavrado”.
As serras dessa parte da Raposa Serra do Sol são cobertas de verde claro, rasteiro, com tufos mais escuros de floresta densa no alto dos morros.
Depois de um período de relativa calmaria e de recuperação do meio ambiente que se seguiu à sentença do Supremo, a partir de 2016, a Raposa voltou a sofrer com uma antiga ameaça: o garimpo.
Do alto, sobre a ondulação de morros a sumir no horizonte, dá pra ver os talhos acobreados no verde da mata e as demais cicatrizes deixadas pelo garimpo.
Próximo aos locais onde a terra foi revirada, o estrago é visivelmente maior. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) calcula que entre 2019 e 2020, a quantidade de garimpeiros dobrou de 2 mil para 4 mil.
“Não são garimpeiros profissionais. Eles querem encontrar algo, falo assim de pessoas que não têm noção.”

Enoque Raposo Macuxi, responsável pelo primeiro plano de etnoturismo aprovado pela Funai em Roraima, de sua comunidade, Raposa 1.

Localizada no município de Normandia, a comunidade Raposa 1 é berço da atividade garimpeira na Terra Indígena. “O garimpo não respeita pandemia, as regras das comunidades, não respeita ninguém”, diz Enoque.
Enoque cita a segurança como uma das preocupações pela invasão de garimpeiros. "No meio dessas pessoas, que a gente até pode pensar em pessoas de boa índole, no meio tá assaltante, foragido."
Em visita a Raposa Serra do Sol, em 2021, Jair Bolsonaro defendeu a mineração. “Ele tem feito muitas promessas de abrir terra indígena para o garimpo. Se acontecer, estamos já no meio de uma destruição futura”, diz Enoque Raposo.
Segundo o CIR, as invasões garimpeiras continuam na Raposa Serrado Sol abrindo suas feridas no Lavrado de Roraima.

REPORTAGEM
Luis Edmundo Araujo

EDIÇÃO
Cristiano Navarro

IMAGENS Luis Edmundo Araujo

MONTAGEM
Laiza Lopes

IDENTIDADE VISUAL
Clara Borges